Indicações #11 – Fim de ano!

1.  Os 100 livros notáveis de 2013 (em inglês), segundo o NY Times

2. As 12 predições literárias para 2014 (em inglês), do Book Riot

3. As 15 melhores capas de 2013 (em inglês), segundo o Flavorwire

4. Seleção de melhores do Posfácio – capas, títulos e muito mais

5. No topo do ranking anual de mais vendidos do Publishnews, o Grupo Editorial Record encerra 2013 com 66 livros na lista, seguido pela Sextante, com 65

6. De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, segmento juvenil foi o que mais cresceu no mercado editorial em 2013, com um aumento de 24% no total das vendas

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Claro, não resisti a fazer um pequeno ranking das minhas melhores leituras do ano (a lista completa você vê aqui).

1. Moby Dick, Herman Melville

2. A elegância do ouriço, Muriel Barbery

3. Céu de suicidas, Ricardo Lísias

4. A montanha mágica, Thomas Mann

5. Metro nenhum, Francisco Alvim

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Lembrando que agora o Leitura Sabática tem página no Facebook, dá para acompanhar tudo por lá!

Em janeiro o blog volta com muito mais energia e muitas novidades, além de um foco maior nas resenhas e entrevistas. Os primeiros posts já estão planejados, e tratarão de 2666 (Roberto Bolaño), O Mestre e Margarida (Mikhail Bulgakov), Formas Breves (Ricardo Piglia), Espuma dos dias (Boris Vian) e muitos livros mais.

Boas festas e até 2014! :)

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Do Savage Chickens

Considerações sobre o futuro do livro

*Com a colaboração de Felipe Bianchi

Há algum tempo, saíram duas reportagens muito interessantes sobre copyright (direito autoral) e pirataria na área editorial, aqui, no caso, referente ao mercado dos Estados Unidos. Achei legal abordá-las no blog, pois essa é uma discussão importante não só para o campo da literatura, mas também sobre a Internet e nossas atividades como internautas.

A primeira é uma matéria de Rebecca Rosen, publicada no The Atlantic, sobre a pesquisa de Paul Heald (Universidade de Ilinóis), que analisa o acervo da gigante Amazon por ano de publicação. O que o levantamento descobriu? Há uma quantidade infinitamente maior de obras das décadas anteriores a 1930 disponíveis para o público que obras publicadas dessa década até os anos 2000.

Um exemplo:  há mais livros disponíveis de 1910 que de 1960; ou de 1890 que de 1970. A resposta para esse fenômeno está na lei de direito autoral estadunidense, que cobre os livros publicados a partir de 1923 – e que causou um “buraco” no índice de acesso de títulos publicados no período.

(Para ler a matéria completa, é só clicar aqui)

Ainda, segundo o pesquisador, editoras simplesmente preferem não publicar trabalhos com proteção de direito autoral a não ser que sejam muito recentes (seguindo a fórmula que diz que o interesse em uma obra cai na medida em que ela envelhece). É bom esclarecer aqui que o gráfico apresenta dados estimados pela pesquisa de acordo com a observação de tendências e cálculos gerais – portanto, para ter consciência do trabalho e das conclusões de Heald, vale ler a matéria completa.

Ao final do texto, Rebecca Rosen ressalta que uma das premissas básicas do direito autoral é que esse mecanismo de proteção deveria “garantir que os donos possam ter lucro com sua propriedade intelectual, e que esse lucro asseguraria a disponibilidade e adequada distribuição dos livros”, o que, conclui, parece não estar acontecendo.

A segunda matéria, publicada no Torrent Freak, repercute um comunicado da editora alemã Springer sobre sua política antipirataria. Alguns trechos do documento vão exatamente na contramão do que toda a indústria de entretenimento vem pregando nos últimos anos: segundo a multinacional, a pirataria de eBooks não prejudicou a venda e os lucros desse nicho da editora.

O comunicado, claro, mostra preocupação com a venda ilegal dos livros digitais, mas se mostra bem menos alarmista que o discurso recorrente envolvendo o tema:

In order to protect our authors´ rights and interests, Springer proactively screens websites for illegal download links of Springer eBooks and subsequently requires hosts of such download sites to remove and delete the files or links in question. This necessary action has become increasingly important with the growing number of eBooks within the Springer eBook collection. While we have not yet seen harmful effects of eBook piracy and file sharing on our eBook portfolio, these are nevertheless considered serious topics.

(O destaque é meu. Para ler a matéria completa e o comunicado da Springer, é só clicar aqui)

Não vou me posicionar quanto à pirataria e ao compartilhamento de bens culturais na rede pois creio que essa é uma discussão muito complexa, e o mesmo ocorre para as leis (e como são aplicadas) de direitos autorais – o foco aqui não é abordar a validade ou não dessas atividades. O que deixo são dados interessantes para ampliarmos o debate. Afinal, são questões determinantes para nosso dia a dia como consumidores (e, em alguns casos, como produtores culturais e empresários).

A pergunta que fica é: qual será o futuro dos livros, sejam digitais ou físicos?

Rayuela: edição comemorativa

Aproveitei que estava em Buenos Aires em meio às comemorações dos 50 anos de Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar, para comprar a edição especial que a Alfaguara lançou por lá – e vim postar algumas fotos aqui no blog, para quem ainda não viu.

A obra, descrita pelo crítico Otto Maria Carpeaux como “um dos romances mais complexos e mais importantes deste século”, foi lançado em junho de 1963, em meio ao boom da literatura latino-americana.

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O especial dessa edição é a coleção de cartas, que  vão de 17 de dezembro de 1958 a 29 de outubro de 1972, nas quais Cortázar fala sobre o processo de elaboração do romance. Assim, podemos descobrir um pouco mais sobre o livro, mas também entender mais sobre seu autor.

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Achei a edição bem bonita, e tem a vantagem de ser o texto original, em espanhol, o que sempre proporciona uma experiência mais rica para o leitor.

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Pra quem gosta do autor argentino, vale  apena investir na edição. Lá em BAs, paguei cerca de 50 reais, então quem quiser encomendar aqui do Brasil tem que se preparar para desembolsar um pouco mais. Para quem quer saber mais, o El País fez um especial sobre Jogo da Amarelinha (clique aqui).

Lembrando também que ano que vem marca os 30 anos da morte de Cortázar (em fevereiro) e também o centenário de seu nascimento (em agosto), então mais homenagens e comemorações são esperadas em todo o mundo.

Indicações #4

Algumas coisas legais que vi durante a semana:

1. Postei (aqui) uma palestra do designer gráfico Chip Kidd no TED, sobre o processo de criar capas de livros. Agora, é uma reportagem da BBC sobre o assunto (vi no Posfácio).

2. Por falar em capas de livro, o The Book Cover Archive reúne centenas delas.

3. O poema Annabel Lee, do americano Edgar Allan Poe, em forma de quadrinhos: partes 12345 e 6. Os desenhos são de Julian Peters.

4. O anúncio de um kit para você virar um Beatnik, no Não me Culpe pelo Aspecto Sinistro.

A cara do livro

A primeira coisa que você repara quando pega um livro é a capa, não há como negar. Podemos não julgá-lo de acordo com seu exterior, mas que uma boa impressão desde o começo faz muita diferença, ah isso faz. Então separei essa ótima palestra que o designer gráfico Chip Kidd fez no TED.

Kidd foi o responsável pela famosa capa de Jurassic Park, que foi usada também no cartaz do filme. De forma bem humorada, ele conta um pouco de sua experiência e da importância da imagem para dialogar com o livro e criar uma história visual do que estamos prestes a ler. Vale a pena assistir!

(Tem legendas em português, é só clicar em “languages” no canto inferior direito do vídeo)

Capas e cartazes vintage

Separei há um bom tempo dois links para indicar aqui, que vão agradar muito quem ama livros antigos. O primeiro, que conheci através do extinto site Where the lovely things are (hoje Look at these gems), é uma pequena coleção de cartazes de uma semana de livros, que datam desde os anos 1950 indo até o final da década de 1990. Coloquei aqui dois dos pôsteres que acho mais bonitos, mas quem tiver interesse em ver todos, é só clicar aqui.

O segundo link é o blog My vintage book collection (da mesma autora do Gems, que falei ali em cima). Ele reúne fotos de livros antigos, cheio de figuras e ilustrações lindas. Também vale a visita. :)

Ilustração do livro A Peaceble Kingdon

Indicações #2

Pra quem se interessa por mercado editorial, o escritor e editor franco-americano André Schiffrin deu uma entrevista no Roda Viva, no dia 07 de janeiro desse ano. Vídeo aqui. E quem gosta de vídeos fofos sobre livros vai gostar da animação inspirada em Alice no País das Maravilhas, do russo Constantine Konovalov. A dica é do Almir de Freitas. Vídeo aqui.

Nascimento do livro

Sou fã de livros – palpáveis, com cheiro de papel (♥) – e por isso até um pouco resistente à tecnologia dos e-readers e tablets. Por isso resolvi postar hoje esse vídeo, que está guardado aqui no computador faz um tempinho. Espero que os fãs do bom e velho livro, e da arte de fazer livros, aproveitem!

Uma pessoa difícil

Dizem que J. D. Salinger era chato. Um pesadelo para editores. Era avesso à publicidade e não queria que seus livros apresentassem orelha, foto do autor, frases de efeito ou seu nome na capa, tudo o que aumenta a propaganda e da mais visibilidade ao livro. Além de viver uma vida de reclusão em Cornish, New Hampshire, por mais de quarenta anos.

Em 1988, Roger Lathbury, dono de uma pequena editora de livros, escreveu uma carta a Salinger propondo a publicação de Hapworth 16, 1924, seu último conto. Por incrível que pareça, o autor de Apanhador no campo de centeio respondeu que iria considerar a oferta.

Oito anos se passaram até que o autor entrasse em contato novamente. Para deleite de Lathbury, ele aceitara a proposta – seguindo, obviamente, suas especificações exatas. A distribuição seria de poucos exemplares e teria preço fixo, para que as grandes cadeias de livrarias não tivessem descontos e, assim, interesse no livro.

Algumas conversas e encontros com Salinger se passaram para discutir a publicação, e tudo corria aparentemente bem. Porém o vazamento – por culpar do próprio Lathbury – da informação que Hapworth seria publicado trouxe uma enxurrada de repórteres a busca de informações, e enfureceu Salinger, que desistiu do projeto.

Para quem quiser ler o testemunho de Roger Lathbury, achei uma matéria muito boa publicada por ele mesmo na NY Magazine (é velhinha, de abril de 2010, mas vale muito a pena). É só clicar aqui.

A história demonstra como Salinger era rigoroso em suas vontades e na questão do isolamento. Mas para mim, uma informação que passa quase desapercebida no texto é a mais preciosa: Salinger comentou com Lathbury que estava trabalhando em algumas histórias da família Glass (protagonistas de Franny & ZooeyCarpenteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira & Seymour: uma apresentação; além de alguns contos de Nove Estórias). Claro, o editor se contentou com a informação e não perguntou nada, mas são famosos os boatos de que o autor teria terminado dezenas de livros antes de morrer. Como fã, espero muito que sim.